quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Resenha "Encontro na Noite"

Resenha de J.C. Hesse do meu livro "Encontro na noite"


Esperava ver em Encontro na Noite, um livro de vampiros bebendo sangue e guerreando entre si, fundamentado em clãs e linhagens de poder, mas não foi isso que aconteceu. Eu classifico este livro como um romance juvenil, entre vampiros, é claro, mas com a capacidade de emocionar qualquer mortal! A obra é narrada em primeira pessoa, quase como um diário, em que descreve seu encontro com o desconhecido. Seu desejo, como o de qualquer pessoa que pensa não fazer parte do mundo em que vive, aproxima-a do desconhecido.


Rose, a personagem que narra sua nova vida vampiresca, usa o humor e demonstra seus dramas, dogmas e dificuldades para assumir de vez, sua nova vida/morte, eterna. Se vê obrigada a sair de casa e afastar-se da família, algo que não lhe causa tanto pesar. Alessander surge e revela sua ligação com ela e a ajuda a entender sua condição. Eu vivi todo o drama de sua existência, casamento, morte forjada e as escolhas que teve que fazer, primeiro para salvar a amiga Juliana e depois para proteger seu grande amor, Alessander.



O clímax ficou por conta de reviravolta, em que ela descobre-se forte o suficiente para vencer uma batalha praticamente perdida. Mas este detalhe, todo leitor terá que sentir, como eu tive que sentir, com a vontade de poder fazer o mesmo.
Recomendo este livro aos que gostam de romance, principalmente se querem viver as emoções do personagem, até mesmo questionando suas escolhas. A autora foi muito feliz e equilibrada na escolha destes personagens e acontecimentos. O desenrolar da história não se perde em demasiados detalhes, o que permite a liberdade do leitor. Mais uma grande obra nacional, asseguro.




Comentário da capa:
Quanto a capa do livro, ela assusta mais que seu conteúdo, embora represente exatamente o que inicia toda a história. Eu classifico como simples e bem pensada, onde o leitor pode ter contato com o que trata o livro.

J.C.Hesse

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Entregue


Ando pelas ruas com o coração em agonia, faminto de verdade e de esperança. Buscando em cada rosto, o rosto o que me alegra, me satisfaz e completa. Vejo todas as cores que o mundo apresenta, preto, branco, cinza, cinza claro e cinza escuro, é um arco-íris que enebria a visão e confunde a alma. Chego ao parque e procuro por "meu" banco, serão mais algumas horas, de um dia comum, observando a vida das pessoas que caminham apressadas. Saio do mar de gente, subo no gramado, recolho a placa "favor não pisar na grama" e sento sob a árvore, usando a própria placa de advertência, sem placa não existe o crime. Na verdade sei, o crime existe mesmo sem que houvesse uma placa de advertência, fazer o quê "forço a barra". Indignado com tudo, com todos e, comigo mesmo. Mas é uma revolta vazia, própria de pessoas que não encontram graça na vida e, falando em graça, lá vem aquele "sombra", sujeitinho ridículo, que passa parte de sua vida apenas imitando os outros. Acena para mim, afinal tornei comum a minha presença naquele lugar. Agora, tornei-me parte da paisagem, poucos me enxergam e outros, nem percebem a minha presença, sou invisível e comum.

Os minutos passam, meus olhos estão perdidos na balbúrdia dos movimentos apressados, vejo uma cor. Cor? Foi apenas um reflexo, tento me convencer, a movimentação continua e novamente, a cor. Como pode? É uma pessoa! Misturada entre as outras, mas meus olhos a seguem, é uma figura feminina. Mas porque os outros não se espantam com a única pessoa com uma cor diferente das demais? Será que não estão vendo-a? Destoa, destaca e quebra a rotina do meu arco-íris de preto e branco. Seus movimentos parecem como o ondular de um lago calmo, um balanço inebriante e embriagante  Tudo parece parado, apenas aquela figura se movimenta, desviando dos demais e vindo em minha direção, mero acaso, vai se desviar em breve. Não o faz, para diante do gramado, está me olhando, começo a suar. Um suor frio, onde está o som dos carros? Do vozerio e do barulho dos passos apressados dos transeuntes? Ainda me olha, um olhar calmo e terno, estica sua mão, está me chamando, porque eu deveria atender? Será que devo sair do meu conforto, da sombra que protege o meu descanso  de cima da prova de meu crime contra o meio ambiente. Levanto e recolho a placa, caminho titubeante, ainda olhando dos lados, ninguém a vê? Estarei louco, olho para onde eu estava sentado, procurando pelo corpo, que talvez tenha deixado a alma escapar em um sonho. Recoloco a placa no gramado, no lugar de onde não deveria ter saído, mais uns passos, a mão continua esticada, convidativa. Um sorriso me aguarda, embaraçador. Estico a mão, porque faço isso?

Estou olhando para seus olhos castanho escuro, que não se afastam de mim e como um raio trator, continua mantendo minha atenção. Sua boca, ainda não disse uma só palavra, mas posso ouvir um "não resista e deixe que eu cuido de tudo", impotente, não encontro forças para encontrar uma explicação, talvez nem tenha. A pele, cor de chocolate e um perfume de castanha terminam de confundir tudo. A visão periférica me permite perceber que à volta continua tudo do preto ao branco, muito mais um degradê. Nossas mãos se tocam, algo explode, um brilho intenso força-me a fechar os olhos, sinto como se houvesse recebido uma descarga de milhares de volts. O corpo todo treme e um gelo percorre a espinha, arrepiando a nuca. Aos poucos abro os olhos e o mundo está mudado, cores e sorrisos, pessoas conversam alegremente. O que estaria acontecendo? Aquele sorriso continua e sinto o calor e a pressão daquela sua mão contra a minha, a vida ganhou um novo sentido, sei disso, posso sentir.